Genézio de Barros bate o martelo e define com precisão sua missão em A Favorita: "Pedro é o vingador. É ele quem vai desmascarar Flora (Patrícia Pillar)", arrisca.
Enquanto na novela os personagens ainda não conhecem o lado assassino de Flora, os encontros e diálogos dos dois ficam a cada dia num tom maior de falsidade e cinismo.
"O povo está se deliciando com essas provocações. Esse jogo é do Pedro, da Flora e de todo o público junto", comemora Genézio, feliz com a calorosa recepção dos telespectadores em seu trabalho de maior repercussão.
Aos 56 anos, o actor não se cansa de ouvir nas ruas que na TV aparenta ser muito mais velho. "Para que eu pudesse ser pai da Patrícia e da Claudia (Raia), o Ricardo (Waddignton, director da trama) me pediu para fragilizar o personagem ao máximo. Então, faço uma voz de velho, os movimentos mais lentos, quebro a postura, uso óculos mais pesados", enumera o actor, que na vida real tem disposição de sobra e até aceitou bater uma bolinha para mostrar seu fôlego de menino.
"Sempre cuidei da minha saúde. Hoje, caminho uma hora por dia e tenho a musculatura bem firme. Evito comer carne vermelha e tomo bastante água para me revitalizar", diz.
Mesmo que "por acaso", Genézio é o responsável por inserir as mãos trêmulas nos trejeitos de Pedro. "Na primeira leitura da novela, ele dizia para a filha sumir, que não queria mais vê-la. Fui ficando nervoso, vendo aquela maneira de ele tratar a filha. Eu não sabia ainda que o nome da Patrícia era Flora, o mesmo da minha filha. E comecei a tremer. O Ricardo, que tem uma sensibilidade incrível, disse que essa tremida era óptima para o Pedro, como se ele tivesse sofrido um derrame cerebral", relembra Genézio.
Como a parte de composição de personagem é uma das preferidas do actor, Genézio procurou até um neurologista para saber seus limites. "Tinha que ser sensível e não podia me atrapalhar durante a novela. Hoje, tenho uns amigos que ficam me vigiando, para ver se eu não esqueço de tremer a mão", ri.
Nascido em Taquaritinga, São Paulo, Genézio é casado, pai de duas filhas e sempre ganhou a vida fazendo comerciais, institucionais e lecionando teatro. Fez 38 peças - ganhou três prêmios -; oito filmes - como Ação Entre Amigos, de Beto Brant -, e está em seu quarto trabalho na Globo (fez Mad Maria, Bang Bang e O Profeta, em papéis pequenos).
Mas só agora é reconhecido nas ruas. "Achei que a oportunidade de fazer TV não fosse bater à minha porta. Então, agarrei com pés e mãos. Tive que segurar com meu trabalho, porque se fosse por um rosto bonitinho não ia dar certo", brinca o "novato".
"Não tem idade para um actor admitir que está aprendendo. Às vezes a Patrícia me dá uns toques... Eu fico assistindo a Mari (Mariana Ximenes) actuar e fico encantado. A câmera gosta dela, como se a desenhasse", derrete-se.